terça-feira, 27 de outubro de 2009

A arte de se produzir um Épico


Kubrick não se preocupou em criar um filme nostálgico ou com um final surpreendente como ocorre na maioria de suas obras primas.



No filme Barry Lyndon de 1975, a leveza toma forma, a seqüência linear dos fatos é suave e lírica, as cenas apresentam contornos graciosos tornando o conjunto harmônico e belo.


Aqui, cada frame é uma obra de arte devendo ser analisado seguindo princípios iconográficos para a compreensão da sua real beleza e significância.

Não é atoa, portanto, que o filme ganhou o oscar de melhor direção de arte em 1975 .

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O surrealismo passou por aqui




Vanguardista, inovador, futurista, catártico e abstrato, na minha concepção algumas palavras que poderiam definir a cena final do filme " 2001 uma odisséia no espaço" chamada: Para além do infinito.

Acredito que não existe aqui uma lógica explícita, um significado conceitual, tudo caminha pelo campo da ação abstrata, do intangível.
A metafísica parece ganhar forma e corpo, é visível mas ambígua, real mas também supra-real.

Para além do infinito,por ser essência é inovador, por ser transcendente rompe, por ser vanguardista inova e por ser inconsciente é surreal.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Luz, câmera, ação!


Uma cena, uma luta, uma nova perspectiva, um novo olhar cinematográfico. Kubrick em seu primeiro filme como diretor mostrou ao mundo que ainda existiam muitas formas de se explorar posicionamento e enquadramento de luz e câmera.

Tudo fica a encargo da luta de boxe, uma cena de aproximadamente 5 minutos do filme " A morte passou por perto" de 1955. Genialmente planejada, a luta é filmada de dentro pra fora, ou seja, Kubrick filma os boxeadores a partir do interior do combate, como se o expectador estivesse diretamente relacionado a cena. Planos fechados das luvas e dos rostos também ajudam a dar essa impressão, sendo que o movimento das mãos é destacado através de uma perspectiva de filmagem abstrata: não é possível ver claramente o movimento das mãos, mas sim um contexto de interação entre os personagens.

Em "A morte passou por perto" o argumento é colocado em um plano secundário: o que importa é a dimensão de cinema-cinema. Um trabalho de força plástica, de expressão rítmica que muitas vezes não foi compreendido em sua grandeza. ( Glauber Rocha, O século do cinema)

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A linguagem cinematográfica de Hitchcock empregada em Psicose



Não explicarei aqui quem foi Hitchcock e sua importância para o cinema. Portanto, decidi apenas analisar a linguagem cinematográfica deste gênio do suspense em uma cena clássica de seu filme "Psicose"
Pode-se dizer que o grande lance da estrutura/linguagem cinematográfica nessa cena, fica por conta da utilização dos recursos advindos da própria técnica de filmagem.
Neste sentido, os grandes primeiros planos do chuveiro, das mãos, da faca e do rosto, constituem os elementos, que somados, formulam a originalidade, acabando por criar e constituir todo o clima de suspense.
Alem deste aspecto preponderante, vale ressalta que a atmosfera criada pela sonoplastia aguda e pesada auxilia em muito este clima de suspense e terror proposto por Hitchcock.

Confira essa cena abaixo:

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Os incompreendidos: um retrato autobiográfico de Truffaut


O cineasta francês da era Nouvelle Vague passou durante sua infância algo como uma juventude transviada .
Truffaut era um pequeno delinqüente que matava aulas e cometia pequenos furtos para assistir filmes no cinema, sempre sua maior paixão. E foi justamente baseado nos conturbados anos de vadiagem de Truffaut, que surgiu seu primeiro filme “Os incompreendidos” de 1959.
O mais curioso dessa história toda é que o filme havia sido rodado sem som, posto mais tarde, pois Truffaut não tinha dinheiro para o equipamento de gravação.
Outro fato interessante é que não existia um roteiro fixo, sendo assim as cenas eram gravadas na base da improvisação.

Mas, situando o filme, pode-ser dizer que o brilhantismo do cineasta fica por conta da cena final, onde Antonine: jovem problemático que havia sido expulso de casa e que então foge do reformatório, corre em direção ao mar em uma belíssima seqüência de imagens.
Finalmente ao pisar na areia, onde as ondas morrem, ele virasse levemente para a câmera e a imagem congela, o filme acaba!

Tudo bem, mas então qual seria o real significado daquela cena final?
Pode-se dizer que o mar, em uma reflexão conotativa, representaria a imensidão de um plano infinito, a fuga de todo o sistema repressivo, em direção ao desconhecido, ao novo, a busca incansável pela liberdade e pela esperança que tange o espírito jovem.

Confira essa cena final abaixo:

sábado, 3 de outubro de 2009

Tributo a James Dean



James Dean, jovem anjo colorido em celulóide e nal, adolescente em velocidade além de macho fantasiado pelo desespero mecânico, liberta, com a morte, os meninos terriveis sem flores, sóis e ritmos. Anjo rebelde contendo o demônio insatisfeito e atormentado por uma condição de Édipo inconsciente - a jovem mãe que o embalou e que sumiu ligeiro de sua infância. Dean rompia o asfalto e desdobrava as curvas da estrada buscando um sentido de vida em cada movimento de guiar.

Por que seus olhos eram fracos, o espírito alcançava uma meta e o carro de aço polido, bólide embalando um gênio, substituido em ritmo desequilibrado do berço materno rompia o vento e libertava o menino daquela angústia escapando pelos blusões de couro negro, calças velhas de vaqueiro, cabelos inconformados de medusa.

Carregava um "mal de viver" e nunca foi surpreendido pela morte. Sabia da tragédia e a precipitou a cento e setenta quilômetros de coisas inexplicáveis.

James Dean: o Anjo e o Mito.

Texto de Glauber Rocha.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

A ruptura da ordem cronológica Kubrickiana segundo Glauber



Atualmente estou lendo o livro " O Século do Cinema" de Glauber Rocha e não pude deixar de folhear o capítulo sobre um dos meus cineastas favoritos: Stanley Kubrick e comentar sobre as considerações que Glauber faz a respeito deste gênio do cinema.
O fato é que Kubrick logo em seu segundo filme " O Grande Golpe" de 1956, realizou uma revolução nos padrões do cinema: a ruptura da ordem cronológica da narrativa, que Glauber, em seu livro, definiu assim:

" Kubrick é revolucionário porque quebra a linha tradicional da narrativa direta e cronológica, retrocedendo num tempo eminentemente dramático, correndo o risco de arrebentar o ritmo de suspense pretendido e necessário ao próprio acabamento do filme"

Apesar de Glauber ter pontuado que Kubrick corria o risco de atrapalhar o ritmo do suspense na narrativa, sua ruptura da ordem cronológica é tão bem estruturada que os cortes da linearidade na narrativa apenas fortificam o ritmo de suspense. Neste sentido, pode-se afirmar que a ruptura da ordem significa a estruturação de um novo conceito, um novo modelo cinematográfico.