segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Romances Inteligentes : Antes do amanhecer e Antes do por do sol


De certo modo acho que nunca tinha assistido um romance inteligente, um romance que me fizesse refletir sobre a vida, relacionamentos e tudo mais.
Tudo bem que os clichês hollywoodianos tornam isso um tanto quanto difícil e acabamos encontrando sempre o mesmo padrão estereotipado nos cinemas.
Mas esse filme de certo coloca varias cartas na mesa.
Será que relacionamentos duradouros conseguem manter sua essência sem se desgastar com o tempo? Será que apenas compreendemos o amor nos momentos singulares e temporários ou será que ele pode ser compreendido e construído com a experiência da convivência?
Talvez exista uma resposta para cada pergunta, talvez não. Talvez cada amor seja singular e difícil de ser comparado. Contudo, o filme deixa claro que sempre haverá uma noite inesquecível, um momento “antes do amanhecer” ou um momento “antes do por do sol” que podem traduzir um significado muito mais valoroso do que anos de relacionamentos e de declarações de amor.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

A arte de se produzir um Épico


Kubrick não se preocupou em criar um filme nostálgico ou com um final surpreendente como ocorre na maioria de suas obras primas.



No filme Barry Lyndon de 1975, a leveza toma forma, a seqüência linear dos fatos é suave e lírica, as cenas apresentam contornos graciosos tornando o conjunto harmônico e belo.


Aqui, cada frame é uma obra de arte devendo ser analisado seguindo princípios iconográficos para a compreensão da sua real beleza e significância.

Não é atoa, portanto, que o filme ganhou o oscar de melhor direção de arte em 1975 .

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O surrealismo passou por aqui




Vanguardista, inovador, futurista, catártico e abstrato, na minha concepção algumas palavras que poderiam definir a cena final do filme " 2001 uma odisséia no espaço" chamada: Para além do infinito.

Acredito que não existe aqui uma lógica explícita, um significado conceitual, tudo caminha pelo campo da ação abstrata, do intangível.
A metafísica parece ganhar forma e corpo, é visível mas ambígua, real mas também supra-real.

Para além do infinito,por ser essência é inovador, por ser transcendente rompe, por ser vanguardista inova e por ser inconsciente é surreal.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Luz, câmera, ação!


Uma cena, uma luta, uma nova perspectiva, um novo olhar cinematográfico. Kubrick em seu primeiro filme como diretor mostrou ao mundo que ainda existiam muitas formas de se explorar posicionamento e enquadramento de luz e câmera.

Tudo fica a encargo da luta de boxe, uma cena de aproximadamente 5 minutos do filme " A morte passou por perto" de 1955. Genialmente planejada, a luta é filmada de dentro pra fora, ou seja, Kubrick filma os boxeadores a partir do interior do combate, como se o expectador estivesse diretamente relacionado a cena. Planos fechados das luvas e dos rostos também ajudam a dar essa impressão, sendo que o movimento das mãos é destacado através de uma perspectiva de filmagem abstrata: não é possível ver claramente o movimento das mãos, mas sim um contexto de interação entre os personagens.

Em "A morte passou por perto" o argumento é colocado em um plano secundário: o que importa é a dimensão de cinema-cinema. Um trabalho de força plástica, de expressão rítmica que muitas vezes não foi compreendido em sua grandeza. ( Glauber Rocha, O século do cinema)

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A linguagem cinematográfica de Hitchcock empregada em Psicose



Não explicarei aqui quem foi Hitchcock e sua importância para o cinema. Portanto, decidi apenas analisar a linguagem cinematográfica deste gênio do suspense em uma cena clássica de seu filme "Psicose"
Pode-se dizer que o grande lance da estrutura/linguagem cinematográfica nessa cena, fica por conta da utilização dos recursos advindos da própria técnica de filmagem.
Neste sentido, os grandes primeiros planos do chuveiro, das mãos, da faca e do rosto, constituem os elementos, que somados, formulam a originalidade, acabando por criar e constituir todo o clima de suspense.
Alem deste aspecto preponderante, vale ressalta que a atmosfera criada pela sonoplastia aguda e pesada auxilia em muito este clima de suspense e terror proposto por Hitchcock.

Confira essa cena abaixo:

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Os incompreendidos: um retrato autobiográfico de Truffaut


O cineasta francês da era Nouvelle Vague passou durante sua infância algo como uma juventude transviada .
Truffaut era um pequeno delinqüente que matava aulas e cometia pequenos furtos para assistir filmes no cinema, sempre sua maior paixão. E foi justamente baseado nos conturbados anos de vadiagem de Truffaut, que surgiu seu primeiro filme “Os incompreendidos” de 1959.
O mais curioso dessa história toda é que o filme havia sido rodado sem som, posto mais tarde, pois Truffaut não tinha dinheiro para o equipamento de gravação.
Outro fato interessante é que não existia um roteiro fixo, sendo assim as cenas eram gravadas na base da improvisação.

Mas, situando o filme, pode-ser dizer que o brilhantismo do cineasta fica por conta da cena final, onde Antonine: jovem problemático que havia sido expulso de casa e que então foge do reformatório, corre em direção ao mar em uma belíssima seqüência de imagens.
Finalmente ao pisar na areia, onde as ondas morrem, ele virasse levemente para a câmera e a imagem congela, o filme acaba!

Tudo bem, mas então qual seria o real significado daquela cena final?
Pode-se dizer que o mar, em uma reflexão conotativa, representaria a imensidão de um plano infinito, a fuga de todo o sistema repressivo, em direção ao desconhecido, ao novo, a busca incansável pela liberdade e pela esperança que tange o espírito jovem.

Confira essa cena final abaixo:

sábado, 3 de outubro de 2009

Tributo a James Dean



James Dean, jovem anjo colorido em celulóide e nal, adolescente em velocidade além de macho fantasiado pelo desespero mecânico, liberta, com a morte, os meninos terriveis sem flores, sóis e ritmos. Anjo rebelde contendo o demônio insatisfeito e atormentado por uma condição de Édipo inconsciente - a jovem mãe que o embalou e que sumiu ligeiro de sua infância. Dean rompia o asfalto e desdobrava as curvas da estrada buscando um sentido de vida em cada movimento de guiar.

Por que seus olhos eram fracos, o espírito alcançava uma meta e o carro de aço polido, bólide embalando um gênio, substituido em ritmo desequilibrado do berço materno rompia o vento e libertava o menino daquela angústia escapando pelos blusões de couro negro, calças velhas de vaqueiro, cabelos inconformados de medusa.

Carregava um "mal de viver" e nunca foi surpreendido pela morte. Sabia da tragédia e a precipitou a cento e setenta quilômetros de coisas inexplicáveis.

James Dean: o Anjo e o Mito.

Texto de Glauber Rocha.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

A ruptura da ordem cronológica Kubrickiana segundo Glauber



Atualmente estou lendo o livro " O Século do Cinema" de Glauber Rocha e não pude deixar de folhear o capítulo sobre um dos meus cineastas favoritos: Stanley Kubrick e comentar sobre as considerações que Glauber faz a respeito deste gênio do cinema.
O fato é que Kubrick logo em seu segundo filme " O Grande Golpe" de 1956, realizou uma revolução nos padrões do cinema: a ruptura da ordem cronológica da narrativa, que Glauber, em seu livro, definiu assim:

" Kubrick é revolucionário porque quebra a linha tradicional da narrativa direta e cronológica, retrocedendo num tempo eminentemente dramático, correndo o risco de arrebentar o ritmo de suspense pretendido e necessário ao próprio acabamento do filme"

Apesar de Glauber ter pontuado que Kubrick corria o risco de atrapalhar o ritmo do suspense na narrativa, sua ruptura da ordem cronológica é tão bem estruturada que os cortes da linearidade na narrativa apenas fortificam o ritmo de suspense. Neste sentido, pode-se afirmar que a ruptura da ordem significa a estruturação de um novo conceito, um novo modelo cinematográfico.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

O Clube do Filme



Depois de algum tempo finalmente terminei de ler "O clube do Filme" de David Gilmour.
Em uma breve sinopse, o livro conta a história real de Gilmour e de seu filho Jesse.
Na época em que Jesse com 16 anos era um estudante indisciplinado, que colecionava reprovações na escola, seu pai, preocupado com o futuro escolar do filho e descrente da metodologia de ensino, decide realizar uma proposta inovadora. Jesse poderia largar a escola dês de que assistisse a 3 filmes por semana propostos pelo seu Pai.

Nestes parâmetros, pode-se dizer que essa questão da modificação da metodologia educacional, coloca em cheque todos os princípios básicos da teoria de ensino quanto a produção de conhecimento.Mas a questão é, até que ponto a cultura dos filmes poderia substituir o ensino padrão?
Gilmour para a minha decepção se preocupou no livro muito mais em narrar os romances do seu filho do que levantar para o leitor esta questão da relação entre educação/filmes.
Contudo, o livro traz informações interessantíssimas sobre os clássicos do cinema, tais como curiosidades, analises de cenas e contexto histórico. Mas como eu já afirmei, achei que essas análises ficaram em segundo plano possuindo pouco enfoque diante das desilusões amorosas de jesse.

Pelo bem, pelo mal, se você gosta de clássicos, é curioso e quer possuir uma lista de excelentes filmes para procurar depois na locadora, como eu venho fazendo, acredito que deve ler O clube do Filme.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Para um fim de semana chuvoso: Depois de horas


Decidi abrir uma sessão aqui, a partir de hoje sempre que se aproximar o final de semana ou feriados, postarei recomendações de filmes.

Bom, Depois de horas é um clássico de Martin Scorsese que lhe rendeu os prêmios de Melhor Diretor no Independent Spirit Awards de 1985 e no Festival de Cannes de 1986.
Em uma Breve sinopse, o filme conta a história do operador de computador Paul Hackett que entediado e desanimado com seu cotidiano, decide aceitar o convite de uma linda e misteriosa garota ( Marcy) que conhecera em um restaurante ao final de seu expediente.
Contudo, é após chegar a casa de Marcy, localizada em um prédio antigo no subúrbio de nova york, que as coisas começam a dar errado e que Paul percebe que as regras não são as mesmas Depois de Horas.

Por fim, pode-se dizer que o conjunto de eventos bizarros, tensão, coincidências praticamente impossíveis e momentos nostálgicos, retratam uma comédia de humor negro e altamente bizarra que beira sutilmente o surrealismo.


Confira o trailer abaixo:


quarta-feira, 23 de setembro de 2009

30 anos de Apocalipse Now

Acredito que não existiria uma maneira melhor de se começar um blog de cinema do que falando sobre um dos maiores, se não o maior, filme de guerra já produzido.

Como grande fã de filmes de guerra que sou, acredito que Apocalipse Now possui uma estrutura única. Copolla, neste clássico do cinema consegue relacionar com perfeição todos os elementos que circundam uma guerra de maneira artística e emblemática, fugindo do senso comum onde este gênero é julgado como um conjunto de ação, tiros, mortes e muito sangue.
Sem me preocupar em narrar o enredo do filme ( se você ainda não viu, veja!) resolvi selecionar uma cena que demonstra todo este brilantismo do filme.

Logo no início do filme, enquanto o capitão Benjamin L. Willard descansava em seu quarto, o ventilador de teto começa a se mistura com a imagem das hélices de um helicóptero, ao mesmo tempo em que uma floresta queima por causa da napalm. Sendo assim, toda essa relação de sobreposições de imagens, buscam retratar de forma subjetiva um pressentimento do capitão Benjamin, quanto a missão que lhe será dada futuramente.

Para completar com chave de ouro, Coppola ainda acerta em cheio na trilha sonora que apresenta a musica “The end” do The Doors, ressaltando mais uma vez a idéia de que a guerra é um caminho sem saída e como Jim morrison já cantava: This is the end. My only friend, the end.

Confira abaixo essa cena: